quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Poema 117

Hoje não tem poema, tem desabafo.

Desde que eu comecei um tratamento de verdade contra (?) meus problemas psicológicos, tem sido uma montanha russa. 
Eu me sinto mal, todos os dias. Alguns deles são o dia todo, alguns são quando eu realmente não aguento mais segurar e outros são antes de eu ter força pra continuar. 
Não é nada bom. Não é nada fácil. Eu me sinto incapaz por N motivos. 

Me sinto inútil por não conseguir fazer o que devo, trabalhar, estudar, comer, escovar os dentes. 
Me sinto um fardo por incomodar duas pessoas que são próximas à mim o suficiente pra que eu possa pedir socorro quando as coisas estão ruins demais. Por ligações de madrugada e falas ilógicas. 
Me sinto covarde por não ter coragem de largar tudo de uma vez. De me livrar disso e livrar essas duas pessoas desse peso. 
Me sinto burra por não conseguir me concentrar ou executar tarefas que fazia de modo tão simples antes disso. 
Me sinto fraca por não conseguir resistir ao turbilhão cada vez que vejo uma crise chegando. 

Eu vejo minhas crises chegando. Normalmente uma meia hora antes, eu aguento até estar em um lugar seguro e onde eu possa falar com alguém pra não fazer nenhuma merda. 
Eu não as vejo indo embora. Às vezes leva dias, eu carrego esse choro engasgado até a próxima crise. 

Eu não tenho como lutar quando são muito fortes. Eu consigo me controlar se são pequenas, se estou sozinha em um lugar estranho, se passei muitos dias bons antes delas. Mas normalmente, é dia sim, dia não. 

Eu não sei se a terapia me fez bem ou mal, eu só sei que cutucar as feridas me deixou pior. 
Eu tenho pesadelos. Com violência, gritos, lágrimas. Tenho medo de dormir e medo de acordar. Eu tenho gatilhos, diariamente. Coisas que eu realmente preferia não lembrar. Eu tenho uma família disfuncional, que joga pesos desnecessários em mim. 

Eu tenho sono, muito sono. Tão incontrolável que as vezes perco as aulas - à noite. Meu cabelo cai, muito. Minhas roupas são cheias de fios e eu não penteio pra não piorar. Eu raramente sinto fome. O que me faz entrar em guerra com o transtorno alimentar adormecido. Consequentemente, eu emagreço regularmente. Eu 'acordo' de crises com machucados, que eu não sei como surgiram. Eu fumo muito por causa da ansiedade e isso piora a asma, mas eu não ligo. 

Eu não sei onde quero chegar com isso. Não sabia quando comecei e sei menos ainda agora - e me refiro tanto ao texto quanto à terapia. 
Eu sobrevivi mais um dia. É isso. É sobreviver, lutando contra você mesma. 

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